Natália Calixto, Rodrigo Maceira / Março 2019
O Brasil está envelhecendo.
Com menos nascimentos e mais longevidade, cresce a participação dos sêniores na população. Ao contrário dos estereótipos que vemos na mídia e na publicidade, muitas dessas pessoas são ativas, produtivas e conectadas. O próprio conceito de “velho” mudou e, se uma coisa não envelheceu bem, foram as noções que temos mantido sobre o que é ser idoso nos dias de hoje.
Dados do Google, fontes externas e entrevistas nos ajudam a entender melhor os hábitos e anseios dessa população madura. Essas transformações têm um impacto profundo e crescente em nossa sociedade, e é fundamental que as marcas possam enxergar esse público com um olhar rejuvenescido.
Como o país está envelhecendo?
No Brasil e no mundo, as taxas de natalidade estão caindo. Além disso, os avanços na medicina fazem com que a expectativa de vida aumente de maneira global. Resultado: a humanidade está ficando mais velha. No Brasil, esse processo é ainda mais acelerado. Daqui a 11 anos, a nossa população terá mais pessoas com 60+ anos do que crianças (de 10 anos ou menos).
E, à medida que a população amadurece, aumenta a curiosidade sobre o envelhecimento. É o que indicam as buscas relacionadas ao tema: elas cresceram mais de 60% em relação a 2015 – ou a uma taxa de 13% ao ano, nos últimos 4 anos.
Essa fatia da população não só vai se tornar maioria, como tem interesses e hábitos de consumo plurais, derrubando os preconceitos e os estereótipos que eram associados à idade mais avançada. Tendo o seu futuro expandido, a população sênior está mais ativa, mais saudável, consome mais e está mais conectada do que nunca com o seu mundo.
Mais tempo para… consumir
Um exemplo de como a comunicação com o público sênior pode melhorar está no setor da Moda. Da maneira como a maioria das campanhas são pensadas e elaboradas, visando o público jovem, o público mais velho acaba não se identificando, e aí se perdem grandes oportunidades de gerar engajamento.
A prova desse potencial é que, no canal da Marcia Gabriel no YouTube, especializado em moda, o vídeo “Moda depois dos 50 e 60” é o mais visualizado, com quase 1 milhão de views.
Quebrando a barreira geracional
Diferentemente do senso comum, a vida digital, em vez de criar barreiras entre as gerações, pode deixar essas fronteiras ainda menos nítidas. No YouTube, por exemplo, a troca de experiências intergeracionais é uma realidade. Diversos criadores usam a plataforma para produzir vídeos que derrubam os preconceitos da idade e criam um diálogo com pessoas de outras gerações. Um exemplo é Nilson Izaias, que ficou conhecido como “vovô do slime”: nos vídeos dos seu canal, o aposentado tenta fazer a meleca que se tornou febre entre crianças e adolescentes, e acabou virando um fenômeno online. Já a norte-americana Shirley Curry é uma gamer de 92 anos. Os mais de 450 mil inscritos No seu canal no YouTube acompanham seus gameplays e interagem com a criadora. Já os smartphones, por exemplo, são associados com uma juventude conectada e nascida no digital. No entanto, os sinais deixados pelas buscas relacionadas podem gerar surpresa.