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Indústria 4.0 só é real para 1,6%

Maurício Renner – sexta, 15/12/2017 15:00 – baguete.com.br

A indústria 4.0, um dos termos da moda do ano de 2017, só é realidade hoje em 1,6% das empresas brasileiras do setor industrial. Em 10 anos, a projeção é de que cheguem lá 21,8%.

Os números, que induzem um certo grau de sobriedade em torno do hype montado por fornecedores de tecnologia ao redor do tema, são parte da pesquisa com 759 grandes e médias empresas realizada pelo Projeto Indústria 2027, uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com os institutos de economia da UFRJ e Unicamp.

O cenário deve mudar devagar. De acordo com a pesquisa, só 15,1% dos pesquisados tem projetos em adoção nas áreas de internet das coisas, inteligência artificial, armazenamento em nuvem e big data, cuja combinação gera o cenário de manufatura avançada descrito pelo termo Indústria 4.0.

A maioria (45,6%) está realizando estudos iniciais ou têm planos aprovados sem execução. Por fim, 39,4% não têm nenhuma ação prevista no tema.

Para chegar ao diagnóstico, a pesquisa estabeleceu classificações de quatro gerações de tecnologias digitais.

A Geração 1 é a produção rígida, com uso pontual de tecnologias da informação e comunicação (TIC) e automação rígida e isolada.

A Geração 2 envolve automação flexível ou semi-flexível, com uso de TICs sem integração ou integração apenas parcial entre áreas da empresa.

Já a Geração 3 consiste no uso de TICs integradas e conectadas em todas as atividades e áreas da empresa.

A Geração 4, também chamada de produção conectada e inteligente, tem tecnologias da informação integradas, fábricas conectadas e processos inteligentes, com capacidade de subsidiar gestores com informações para tomada de decisão: o cenário descrito nas previsões sobre a Indústria 4.0.

Atualmente, segundo o estudo, 77,8% das empresas brasileiras ainda estão nas gerações tecnológicas 1 e 2.

Os dados mostram, no entanto, que as empresas estão cientes da importância da tecnologia no quadro futuro.

Para 67,5% delas, aquelas empresas mais avançadas avançadas terão alto ou muito alto impacto no setor onde atuam.

Para 77,3% dos ouvidos, há probabilidade alta ou muito alta de as tecnologias digitais serem dominantes no relacionamento com os fornecedores. Para 71,3%, o mesmo acontecerá na relação das empresas com seus consumidores.

“É preciso disparar o processo de adoção dessas tecnologias, principalmente porque as transformações acontecem em alta velocidade e atrasos comprometem ainda mais a capacidade das empresas acompanharem a onda tecnológica”, afirma o economista e coordenador-adjunto do Indústria 2027, David Kupfer,

De acordo com Kupfer, é necessária maior mobilização para gerar um “movimento consolidado para equiparar o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira ao de países como Alemanha e Estados Unidos”.

A verdade é que já existem algumas movimentações em curso. O estado mais adiantado em relação ao tema é Santa Catarina, que combina uma base industrial forte com ecossistema desenvolvido de empresas de tecnologia.

Em agosto do ano passado, Joinville, principal cidade industrial do estado, passou a sediar a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), formada pela Fiesc em parceria com a Pollux Automation e a Embraco com a meta de replicar no Brasil o trabalho do Industrial Internet Consortium (IIC).

O ICC foi fundado em 2014 e reúne reúne players mundiais de tecnología como AT&T, IBM, GE e Intel, além de organizações como a GS1, visando a promoção de padrões de Internet Industrial que permitam massificar a Indústria 4.0. Neste ano, a ABII se tornou associada.

Outra movimentação em nível catarinense foi a parceria entre a Vertical Manufatura da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) lançaram o Cluster Nacional para a Indústria 4.0.

O objetivo do cluster é “acelerar a adoção dos conceitos” relacionados à Indústria 4.0, explicam as entidades.

Isso será feito por uma aproximação entre as empresas fornecedoras de tecnologias como sensores, software analítico e processamento de dados na nuvem, agrupadas na Acate, e os potenciais compradores interessados em turbinar suas linhas de montagem e produtos finais, representados pela Abimaq.

São Paulo, que reúne a maior parte da base industrial do país, está reagindo nos últimos tempos.

A Fapesp fechou um acordo que agilizará o acesso a crédito e investimento do BNDES para startups e empresas já apoiadas pela fundação de paulista de apoio à pesquisa nas áreas de Indústria 4.0 e Internet das Coisas.

O convênio é uma tacada e tanto para a Fapesp, que se torna a primeira instituição em nível estadual com uma parceria desse tipo com o BNDES.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fiesp, lançaram um programa similar fechado entre a Acate e Abimaq, batizado de Rumo à Indústria 4.0.

A nível de governo, a principal movimentação é o Plano Nacional de Internet das Coisas previsto para ser lançado ainda este ano.

Em fase de estudos técnicos, o plano deve incluir a criação de um ecossistema de inovação; a construção de um Observatório de IoT, uma plataforma online para acompanhamento das iniciativas do Plano Nacional de IoT; e a elaboração de uma cartilha para gestores públicos, sobretudo, para a contratação de soluções de Internet das Coisas para cidades inteligentes.

Quem quer fazer apps está 10 anos atrasado

Júlia Merker — Baguete.com.br – sexta, 01/12/2017 18:14

Apesar da dependência dos smartphones ser uma realidade, criar apps é coisa do passado. É isso que acredita Andreas Blazoudakis, co-fundador da Movile, focada em plataformas O2O (online to offline), que foi o palestrante do Mesas TI, do Seprorgs, desta sexta-feira, 01/12.

Andreas Blazoudakis, co-fundador da Movile. Foto: Divulgação/Seprorgs.
Movile investe R$ 15 milhões na Sympla

O portfólio da Movile é composto hoje por plataformas como iFood, PlayKids, MapLink, Rapiddo, Sympla, entre outras.

“Quem está pensando em criar um aplicativo está 10 anos atrasado. O usuário não aguenta mais ter que baixar um app para cada assunto. O futuro está na inserção de aplicativos dentro de ferramentas de chat”, relata Blazoudakis.

O modelo apontado pelo empreendedor como tendência é realidade na China, que tem no aplicativo WeChat a concentração de diversos serviços – como pedido de delivery ou transferência de dinheiro.

A ferramenta chinesa tem 980 milhões de usuários ativos mensais, com 38 bilhões de mensagens enviadas diariamente.

“A partir de algumas pesquisas constatei que em 6 anos, a Apple Store e a Google Play publicaram mais de 5 milhões de apps em suas lojas. Somente em 3 anos, o WeChat distribuiu mais de 10 milhões de apps”, destaca o co-fundador da Movile.

O novo comportamento do consumidor apontado pelo executivo é respaldado por uma pesquisa recente da consultoria global Adeven.

De acordo com o estudo, no mercado norte-americano, o número de downloads de apps vem caindo 20% a cada ano desde 2015. Além disso, mais de 65% dos usuários de smartphones não fazem nenhum download de aplicativo por mês.

E, mesmo quando baixam mais ferramentas, os usuários de smartphones gastam 80% do tempo usando apenas cinco apps.

Com as mudanças rápidas no cenário da tecnologia, hoje Blazoudakis tem a função de reinventar as ferramentas do portfólio da Movile.

“Faz quatro anos que meu trabalho é destruir tudo que a empresa constrói”, diverte-se.

Ao longo de sua carreira, Blazoudakis participou da fundação de 17 startups. Hoje, 3 das ainda ativas são avaliadas em mais de R$ 200 milhões: Movile, PlayKids e Delivery Center (a mais recente iniciativa do empreendedor).

Em junho, a Movile recebeu mais uma rodada de investimentos da Naspers, grupo global de internet e entretenimento, e do fundo de investimentos Innova Capital. O valor do aporte foi de US$ 30 milhões.